Paranaguá na História da Proclamação da República

Paranaguá, foi dos primeros que se manifestou para o evento da República, devido o desassombro de seus filhos. Diz o professor Manoel Viana;
“ A semente primeira da “Democracia”, no Paraná, chantou-se em nossa Paranaguá; no fértil campo do jornal hedomadário “Operário da Liberdade”, fundado em 1870”.
Este jornal, dirigido por Barros Junior, apareceu sem dúvida antes do “Manifesto de Itú”, apesar de sua pouca duração, deixou escrito que o Brasil deveria abandonar o Império e se dirigir para a democracia.
A propaganda Republicana em Paranaguá, não parava, quanto mais o Brasil se afundava em suas crises mais adeptos ganhavam os republicanos. Até que em 7 de julho de 1883, um grupo de paranaguenses tendo a frente Fernando Machado Simas, João Eugenio Machado Limae Guilherme José Leite, resolvem fundar um jornal denominado “O Livre Paraná”. Varios colaboradores do novo Jornal deixaram suas marcas no processo republicano tais como: Nestor Victor dos Santos, Albino José da Silva e Joaquim Soares Gomes.
O combativo jornal, estampava em sua primeira página seguinte dístico:
Povo!
Tu pareces pequeno porque estás de joelho
Levanta-te!
A dificuldade de sustentar financeiramente o jornal, cada dia se agravava devido as perseguições políticas, foi quando os redatores procuraram propagandas tais como?
“Nova York, Companhia de Seguros”
“Companhia de Navegação Paulista, responsável pelo paquete Aymoré” “Grande Hotel Mostaert & Cia, que oferece preços comodos” Bernardo Soares, vendedor de agulhas e correias para maquinas” Aguas Sulfurosas e remédios contra gonoréia oferecida por Teixeira e Irmão” “Laboratório Farmaceutico Simas” Farmácia Simas”
A certeza que as doenças afetavam os pertidários do Ipério ou da República, os remédios figuraram sempre como os maiores anunciantes nos jornais republicanos.
O Livre Paraná, tendo como diretor Fernando Simas, publicava um subtitulo sugestivo “Echo Republicano”. Era doutrinador do novo regime, naturalmente sofrendo perseguições, passou ao ataque, o que abreviava a saída do diretor e pouco mais tempo o fechamento do jornal fundado com o símbolo de paz e amor ao novo regime que logo se instalaria no Brasil.
Desde 1881, Paranaguá liderava em toda a Província a propaganda republicana, solicitava que todas as localidades fundassem núcleos onde professores a idéia e propaganda republicana. Foi quando, publicaram a “ Declaração Republicana Paranaguense”, assinada pelos cidadãos: Fernando Simas, Mauricio Sinke, Guilherme José Leite, Camilo Antonio Filho, Manoel B. Carneiro, Bernanrdo Soares Gomes e Ricardo Antonio da Costa.
Em 1882, a luta tornava mais acirrada e novos seguidores da idéia republicana cerravam fileiras com aquele punhado de homens. Foi quando resolveram soltar as ruas o “Manifesto aos Paranaguenses”, assinado pelos seguintes cidadões: Fernando M. Simas, Mauricio Sinke, Guilherme J. Leite, Camilo Antonio Laines Filho, Bernardo Soares Gomes, Pedro Aloys Scherer, Manoel Lucas Evangelista, Manoel José Correia, Caetano José Lima, Cipriano Gonçalves Marques, Luiz José da Silva, Candido de Oliveira Salgado, Custódio R. Viana, Manoel Policarpo de Sales, Luiz Antonio Xavier, H. Hurlemann, Antonio Tavares de Miranda, Joaquim Belém de Oliveira, Manoel Correia de Freitas, Augusto Alípio da Costa e Silva e Manoel da Costa Lisboa.
A luta não parava, as doutrinações eram diárias, às vezes parecia recrudescer, mas em pouco tempo voltava com mais ímpeto, assim, novos adeptos apareciam, os seguidores aos poucos se evolumavam.Os desmandos desde a casa Imperial até o municipio contavam com a vigilãncia dos republicanos, o Império enfraquecia, a República galopava a Paranaguá havia de mais se destacar neste emaranhado político.
No início do século XIX
Florescia em todo Brasil uma sociedade muito conhecida por pedreiro-livres obedecendo o rito escocês antigo e aceito. Em Paranaguá no dia 21 de março de 1837 o nome da Loja Maçônica União Paranaguense. Os primeiros maçons que naturalmente tiveram sua iniciação em outra Loja foram: Manoel Francisco Correia Junior, Manoel Antonio Pereira Junior e Joaquim da Cunha Viana. Não se pode precisar a sua duração, é possivel que estivesse adormecida por alguns anos, até que em 1864 um grupo de paranaguense resolveu levantar as colunas com o nome “Perseverança” cuja existência foi cheia de benefícios prestados a causa pública no decorrer de mais de 120 anos.
Nas suas reuniões, tudo se discutia, até que alguns passavam a dutrinar o republicanismo. Mas, como sempre foi uma sociedade fechada, os reclamos contra a situação do Império continuavam a ficar dentro do próprio Templo. Os próprios membros da Maçônaria chegaram a conclusão, como não se pode trazer o povo para dentro da Maçônaria, os seus filhos podem perfeitamente fazerem pregações para o estabelecimento do regime republicano, em outro local onde a comunidade possa ter acesso, possa participar, possa gritar que oBrasil precisa sair do Império.
Assim, conseguindo uma sala do sobrado de número 37 da atual rua XV de Novembro, os maçõns se reuniram, para formarem um Clube Republicano iguais aos muitos espalhados em todo o Brasil. A Ata de instalação escrita por Nestor Victor esta assim:
“Presentes às oito horas e um quarto da tarde, diversos cidadões que se haviam reunido com fim de instalar o Clube Republicano, foi aclamado para presidir a reunião o cidadão Fernando Simas, que aceitou e convidou o cidadão Nestor Victor para servir de Secretário. Abrindo a sessão disse o cidadão presidente que ao se proceder a leitura da declaração seguinte, seria assinado por todos que se achassem resolvidos a cumprir com os deveres da que se obrigarão todos aquele que a assinarem.
Presentes os cidadãos abaixo assinado, declaram aderir francamente ao manifesto republicano de 3 de dezembro de 1870, desligando-se completamente de qualquer compromisso que até hoje tenham mantido com os partidos monarchicos constitucionais, fazendo esta declaração expontâneamente e debaixo de sua palavra de honra.”
21 de Agôsto de 1887 – Fernando Machado Simas, Nestor Victor dos Santos, Guilherme José Leite, Julio Cezar Peixoto Fernandes, José Ferreira de Campo, Benedito Antonio Guilherme, Francisco José de Souza, José Gonçalves Lobo, Theobaldo Dacheaux, Cezalpino Luiz Pereira, Germano Augusto Pirath, Manoel Figueira Neto, Manoel Lucas Evangelista, Luiz Mariano de Oliveira, Geraldo Devisé e Joaquim Guilherme da Silva.
E para maior clareza, o cidadão Secretário procedeu a leitura do Mnifésto de 3 de dezembro de 1870, para que todos os cidadãos presentes conhecessem perfeitamente todas as idéias de que, como na Declaração acima vem-se tornando aderente. E achou-se perfeitamente de acordo com o manifesto consta e resolvidos a cumprir aquilo a que com a declaração acima se obrigam, todos os presentes subscreveram-se.
Em seguida pediu a palavra o sócio cidadão Guilherme José Leite que expoz a importância d’aquele momento de declara-se francamente republicanos, tinham de cumprir. Usam depois da palavra os sócio cidadão Francisco José de Souza que em breve olocução manifestou o jubilo de que achava possuido em poder presenciar a criação do Clube que naquele dia se instalava, a vista de quanto isso significava. Passou-se depois a tratar da eleição para um Presdeinte e um Secretário provisórios que funcionaram até que se tenha organizado os estatutos porque se há de reger a associação. Distribuidas as cédulas e procedendo-se a eleição obteve-se o seguinte reultado:
Para Presidente
Guilherme José Leite, 7 votos
Fernando Machado Simas, 2 votos
Francisco José de Souza, 2 votos
Theobaldo Decheaux, 1 voto

Para Secretário
Nestor Victor, 7 votos
José Gonçalves Lobo, 1 voto
Theobaldo Decheaux, 1 voto
Em vista de cujo resultado, declarou o cidadão presidente achar-se eleito para o cargo de Presidente provisório o cidadão Guilherme José Leite e para Secretário provisório o cidadão Nestor Victor. Em seguida disse o cidadão presidente, que havendo necessidade de formularem-se os estatutos do Clube, nomeava para este fima uma comissão composta dos cidadãos Guilherme José Leite, Francisco José de Souza e Nestor Victor, tendo de apresentar esse trabalho nasessão próxima que seria anunciada. Feito isto, lembrou o cidadão presidente que, estando próxima a eleição para deputado provinciais e sendo de estila e de disciplina entre os republicanos maiores de 18 anos, era conveniente que desde já o Clube que naquele dia se instalava desse sinal de existência procedendo-se a eleição para um deputado provincial que, sendo apoiado, foi posto em prática aobtendo-se da eleição o seguinte resultado.
Para Deputado Provincial:
Jorge Desmarais - 8 votos
José Correia de Freitas - 1 voto
Maurício Sinke - 1 voto
Ficou assim eleito pelo Clube Republicano de Paranaguá para Deputado provincial na próxima legislatura o cidadão Dr. Jorge Desmarais.
O Clube Republicano devagar dava seus passos, a oposição era demais contra os seus associados. Aqueles que tinham a vida formada menos sentiam, outros, devido se destacarem pela capacidade intectual sofriam demais. Fernando Simas, foi tão pressionado que até boicote sentiu em seu estabelecimento comercial, não deixou de ser um republicano autêntico, fazia palestra, resumia as notícias nas reuniões do Clube, passava a doutrinat outros importantes cidadãos, mas seu futuro estava tão dificil que foi obrigado a deixar Paranaguá.
Nestor Victor, cuja fulgurante oratória trazia para palestra no Clube o Dr. Dória, o De Freitas, o Soares Gomes e tanto outros que desejavam melhores dias para Brasil. Sentiu a dificuldade em viver na sua terra, mudou-se para o Rio de Janeiro onde ocupou cargos importantes, para se realizar na Embaxada Brasileira em Paris.
Com tudo, o Clube Republicano recebia novos adeptos, não fechava suas portas, a têmpera dos homens que fundaram era transmitida aos novos que aderiam a idéia de mudar o regime político-administrativo no Brasil.
A visita da Princesa Isabel à Paranaguá, muito desgatou os republicanos perante a opinião pública, o trabalho de catequese mas o desacerto do poder público fazia que em breve recuperassem seu lugar na sociedade paranaguense.
No cabeçalho no alto da capa, a Folha dizia-se propriedade de uma Associação.
Posteriormente, se assumiu como pertencente à Sociedade Literária José Bonifácio. Tinha
como redator Manoel Corrêa de Freitas, um paranaense de Paranaguá, onde também
fundou o Clube Republicano e foi candidato não eleito a deputado provincial. De Freitas,
como era conhecido, teve forte atuação em Santa Catarina auxiliando na instalação dos
clubes de Desterro, Camboriú, Porto Belo e Tijucas.
Chegou 15 de novembro, os fundadores do Clube Republicano exultavam mas com o devido respeito para com os seguidores de D. Pedro II.
No dia 13 de novembro a Câmara de Paranaguá fazia sua última sessão como monarquista, para os próximos dias abrir a sessão como republicanista, com alguns camaristas inconformados.
No dia 17 de novembro, sob a Presidência de Theodorico Julio dos Santos e com a presença dos camaristas João Guilherme Guimarães, José Silveira Borges, Manoel Francisco de Souza, Manoel Lobo de Andrade, Francisco Norberto dos Santos, José Pinto Amorim e Antonio Hermenegildo Gomes, abria a sessão da Câmara já republicana e com convite para a população assistir a referida sessão. De início levantaram vivas a República, foi quando o Sr. Albino José da Silva republicano do Clube proferiu um eloquente discurso em louvor a nova forma de Governo brasileiro.
Era fruto daquela polêiade de moços que num rasgo de altivez destemor fundaram o Clube Republicano. Se Deodoro proclamou a República, agora o nosso Clube entrava numa difícil fase pois, já não havia motivos para a sua existência. Mas, ele estava tão arraizado em Paranaguá, que a Diretoria comandada por Joaquim Guilherme da Silva, resolveu não deixa-lo morrer.
Mas, era evidente que o comparecimento na séde a rua XV de Novembro nº 37, com o tempo diminuia consideralmente, foi quando umas Diretoria que se perdeu no tempo, resolveu transformar aquele Clube que preconizava sómente a República em Clube de Recreação.
Estava salvo o Clube Republicano que tomaria o nome de Republicano Recreativo.
Os republicanos autênticos aplaudiram a ídéia e os próprios sócios do tradicional Clube passaram a fazer parte de uma sociedade também de lazer.
As constantes festas, os memoráveis bailes, os recitais faziam que o Clube passasse a se destacar, pois era mais moesto e menos exigente para abrigar novos sócios.
Entrava o ano de 1890, a qual seria eleita a diretoria encabeçada por Albino Silva, fazendo então uma abertura que haveria de marcar época na história do Republicano Recreativo. Fundado por uma série de moços e moças, no ano de 1887, um Clube que além de bailes para seu pequeno quadro associativo, cultivavam a arte do teatro ensinando e representando os dramas, as comédias, os monólogos, as declamações. Conta Manoel Viana, que durante os bailes, a meia noite, o conjunto musical “Manoel Zé”, interrompia, para os associados oferecerem chá com fatias de pão de ovos, depois reiniciava o baile no salão localizado na parte inferior da residência do Sr. Camilo Laines sito a rua Faria Sobrinho.
O teatro dos Voltijadores da Época, como era conhecido, tinha como participantes os moços Henrique, Leandro e Nicolau Dacheaux, Otavio e Euripedes Branco, Francisco Timótio Silva, Henrique Veiga, Manoel Clarício de Oliveira, João Bernardino, Francisco Guimarães, João Estevão Junior, Manoel Maia Junior, Antonio Carlos da Silva, Hermógenes Vidal, Joaquim de Amorim e outros que se perderam nos anos decorridos.
A Sociedade dos Voltijadores da Época, passou a sentir crise financeira, o amadorismo do teatro, a união da mocidade não se podia extinguir, foi quando devido a emenda estatutária, passaram para o quadro social do Republicano Recreativo e vários, chegaram a ser Presidente do Clube.
Angariando um grande número de sócios, as famílias se reuniam para apresentarem seus filhos a sociedade paranaguense. As mulheres em quase todo o mundo lutavam pelos seus direitos, a tanto almejada igualdade dava breve sinais para o futuro, 1910 era fundado o Grêmio Irís patrocinado pelo Clube Litterário, mas, as moças do Republicano Recreativo sómente 3 anos após é que se uniram para também formar seu Grêmio que tomou o nome de Crysantemo. Eleita sua primeira Presidente a Senhorita Mariana Baleche, conseguiu levar a efeito alguns eventos sociais, mas em 1915, por razões diversas se extinguiu.
No ano de 1900, o Clube editava seu primeiro Jornal “Clube Republicano” dirigido por Alberico Figueira, teve vida efêmera.
Em 1900, comemorando o 5º aniversário da associação “Brisa da Marinha”, solicitou a abertura dos salões do Clube Republicano para um grandioso baile.
No dia 17 de julho de 1910, o Grêmio Irís do Clube Litterário realizou um grande baile nos salões do Clube Republicano, onde o maestro João Rapôso executou pela primeira vez o hino do grêmio Iris.
Em 1916, um grupo de moças, tendo a frente a Senhorita Joaquina Tourinho, em reunião na sua residência resolveram fundar outro grêmio no Clube Republicano, Eleita a primeira Diretoria coube a presidência a organizadora e a Secretatia a Senhorita Cecília da Rosa.
Após a posse da Diretoria, já com a esolha do nome, “Grêmio Recreativo Myosotis”, iniciaram as festas e bailes, sendo que o segundo baile “soirée” foi no dia 28 de setembro de 1916.
Durante poucos menos de 20 anos, o Grêmio Myosotis conseguiu dar festas e bailes imemoráveis, iniciando os animados festejos no Clube. No final de 1935, tanbém não se sabendo as razões o simpático Grêmio se extinguiu.
No ano de 1930, o Clube Litterário sofre um sinistro, o qual destruiu completamente. O Clube Republicano por intermédio de seu Presidente Luiz de Sá Ribeiro colocou todas as instalações a disposição do Litterário, para das suas festas e reuniões.
Em 1948, durante a comemoração do Tricentenário de Paranaguá, no dia 31 de julho, foi o responsável pelo baile de encerramento dos festejos.
O Clube Republicano continuava sua marcha gloriosa, os bailes de aniverário, os carnavais, os bailes infantís, talvez os mais animados de Paranaguá, lotavam tonto o salão, que até na escada esperam para entrara nas dependências do Clube.
Quando da reforma dos Estatutos no ano de 1942, foi instituído no Clube a parte esportiva. Mas, somente 42 anos após é que se pensou realmente a dar uma estrutura esportiva e condições para seus associados participarem.
Na gestão de Edgar Tavares, foi aberto o esporte no Clube, então pela primeira vez o Clube participava de competições oficiais. No ano de 1985, o Clube contando com maior número de jogadores, iria participar com duas equipes juvenís, cujos resultados campeão e vice do campeonato juvenil de futsal. Em 1986, na gestão Moises Osiris da Costa Soares, com o slogan “quem se organiza, tem mais poder”, o esportes muito cresceu, pois várias competições eram disputadas em várias modalidades..
= Livro do “Centenário do Clube Republicano”
Do Prof. Dr. Milton Miró Vernalha
Jornalista Amilton Aquim =

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