SITUAÇÃO POLÍTICA DO BRASIL-IMPÉRIO

ADVENTO DA REPÚBLICA
Para se enteder a formação dos CLUBES REPUBLICANOS, temos que voltar alguns anos da PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, de modo a tomarmos conhecimento do processo histórico Republicano.
Não é fácil, compulsando a Literatura, traçar um perfil dos últimos anos do Império, devido as grandes controvérsias sobre a imagem do Imperador D. Pedro II.
Também não se pode falar em República sem tomar conhecimento das atitudes do nosso Imperador, devido a estrema facilidade com que se destruiu a Monarquia.
D. Pedro, criado sem seus pais, era entregue para a sua educação a diversos professores sob a orientação de uma Condessa e o comando político a cargo de José Bonifácio de Andrade e Silva. Mas, o período tumultuado das regências chegaria a ponto de um precipitado comando de D. Pedro II dando unidade ao Império que aos poucos se esfacelava. De fato, a figura do garoto, do moço e mais tarde do homem maduro, trouxe ao Brasil maior equilíbrio e relativo progresso.
Estudando o longo reinado de D. Pedro II, verificamos que em certos pontos ele tendia para um grande estadista, pois, inúmeros países sabedores de sua capacidade e senso de justíça o convidavam para árbitro de questões internacionais; outras vezes parecia-lhe faltar aptidão política ou mesmo indecisão para o uso do poder que tinha nas mãos. Era honesto sob todos os pontos, sincero com os deveres familiares, excelente patriota; desprendido pelo dinheiro, pois os moços que sustentava em busca de melhores ensinamentos, seriam pagos pelo próprio vencimento de imperador, não amitia a desonestidade e muito menos a falta de compustura moral. A sua bondade era tão alta quanto a sua cultura, mas quando dava a sua negativa, era preciso muito para o seu convencimento.
Mas, o Império era totalitário, as eleições procedidas a bico de pena, davam ainda a chance do Imperador escolher de uma lista, quem deveria fazer parte do Parlamento. No final do Império, D. Pedro padecia de uma possível forte esclerose cerebral, o que todos os adeptos do republicanismo sentiam medo de certo dia, serem acordados com um novo mandatário estrangeiro, devido a sucessão da corôa brasileira. Assim evoluia o processo republicano que parecia ter aparecido nos fins do século XVIII quase um século antes da instituição da Republica.
Mas, D. Pedro, contava com um dos homens mais admiraveis que o Brasil possuiu, era o Barão e depois Duque de Caxias, que sempre nas horas difíceis dava a estabilização ao Império.
A este verdadeiro herói nacional, que quando tenente ensinava o garoto D. Pedro a tercer espada ou esgrima, recebeu também uma das poucas injustiças praticadas por D. Pedro nos quase cinquenta anos de reinado.
Da época do 1º reinado até a ascenção ao trono em 1840, tudo parecia normal, o garoto imperador pela sua educação sabia o que queria, já distribuia as tarefas para seus assessores conselheiros e ministros, deve então desde início ter conhecido o totalitarismo imperial.
Parece que o sonho republicano, continuou no adormecimento, porque a questão de revalidade com os povos de lígua espanhola; o tráfico de escravo e a famosa questão Christie davam a união entre brasileiros e seu Imperador.
Mas, todosos Impérios das Américas caíam aos poucos, acompanhados pelo 18 de Brumário do velho mundo; em 1861, Lincoln, fazia reverter o sentido moral da República de Washington. Este conjunto de fatos e mais as causas puramente internas levariam o país a um regime, a República.
As princippais causas internas que ajudaram a proclamação da República, podemos assim simplificar:
1- GUERRA CONTRA O PARAGUAI
No dia 14 de maio de 1811, o Paraguai declara sua independência do jugo espanhol, constituindo-se na República Oriental do Paraguai, com um governo absolulista comandado pelo ditador Francia El Supremo. Em 20 de setembro de 1840 falece o ditador, é posto no governo Carlos Antonio Lopez que continuou a obra de Francia. No dia 10 de setembro de 1862 falece Lopez, para então assumir no dia 16 de outubro seu filho Francisco Solano Lopez.
O Brasil, foi o primeiro país a reconhecer o governo Paraguaio e iníciou uma série de ajuda, principalmente militar, mandando uma missão comandada pelo General Cabrita. Mas Solano Lopez, por razões diversas não suportava o Imperador D. Pedro II, então a 11 de novembro prenderam o Coronel Frederico Carneiro de Campos que everia assumir o governo de Mato Grosso e ainda manda invadir o território brasileiro ocupando Miranda, Corumba, albuquerque, Coxim e Nioac. D. Pedro II com sua paciência não tinha outra alternativa se não declarar guerra ao Paraguai. O Brasil escreve durante esta guerra uma das mais belas páginas de sua história, tendo a frente o nosso Duque de Caxias.
No final da guerra contra o Paraguai, inícia a queda do Império brasileiro. Os oficiais que voltavam, ainda escutavam que a única nação que era Império totalitário na América era o Brasil e seu exercito era formado por escravos mandados para o fronte à força. Os ofíciais que desgraçadamente se sujeitaram às vicissitudes da guerra, eram preteridos em suas promoções por simples pedidos de ministros ou parlamentares que ocupavam os lugares nos Ministérios Militares. O descontentamento contra estes atos do Imperador entrava nas forças armadas, culminando no final da guerra quando da troca de herói Caxias pelo genro Conde D’Eu.
2 – QUESTÃO MILITAR
Tudo começou quando o Marques de Paranaguá apresentava um projeto dispondo sobre o montepio obrigatório aos civis e militares, o que o Tenente Coronel Sena Madureira pela imprensa discutia a validade do projeto, sendo chamado atenção pelo Ministro Civil da Guerra, mas o projeto foi arquivado por ser inconstitucional. Isto calou fundo nas forças armadas, onde já reinava o descontentamento. Pouco mais de um ano, o Coronel Cunha Mattos seguiu para Piauí para proceder uma inspeção na Companhia de Infantaria Isolada. Na sua volta solicitou a apuração das ireegularidades lá verificadas.
Na Câmara, o Deputado Simplício Coelho Rezende atacou violentamente o Coronel Cunha Mattos, que se defendeu pela imprensa. Mas exestia um aviso Militar que um oficial não podia tomar a iniciativa de ofender um camarada, sob pena estabelecida nos regulamentos militares.
Nos dias 2 e 17 de agosto de 1886, o general Câmara passou a defender o Exército, procurando provar o desacerto do Ministro Civil da Guerra. A favor do Coronel Cunha de Mattos, no Senado, o Senador Pelotas desfiava grandes discursos contra o Ministério, estava caracterizada a questão militar.
Em 1884 comandava a Escola de Tiro em Campo Grande o Tenente Coronel Sena Madureira e assumia o Minist´rio da Guerra o Senador Maranhense Felipe Franco de Sá. A Associação Libertadora Cearense mandava em jangada o Senhor Francisco Nascimento, cuja excursão seria parte do movimento dos jangan[deiros para não mais desembarcarem escravos no Ceará. O Coronel Sena Madureira em homenagem ao cearense desfilou com toda Escola de Tiro. Sendo destituido do cargo de Diretor, foi transferido para a Escola de Tiro de Rio Pardo no Rio Grande do sul.
Ao chegar naquela provícia aliou-se ao jornalista Júlio de Castilhos e passou escrever no jornal, criticando a ação do ex-ministro da guerra.
Interpelado o General Deodoro da Fonseca, Comandante das trpas sediadas no Rio Grande do Sul responde favoravelmente ao tenente Coronel pertencente a seu exército.
O Ministro da Guerra desesperou, o Senador Pelotas atacando-o diáriamente da Tribuna do Parlamento; o General Deodoro que desfrutava excelente liderança no Exército declarava-se favorável aos militares; Júlio de Castilhos, uma das melhores penas do Rio Grande do Sul, em seu jornal criticava-o escrevendo um artigo esperado com ansiedade no Rio de Janeiro, intitulado “Arbítrio e Inépcia”, com ataques violentos a Monarquia. Agora o Exército estava completamente cíndido.
Sena Madureira não conformado com a repreensão pública procedia pelo Minístro da Guerra, recebia um apoio de todas as forças armadas do Rio Grande do Sul cuja reunião foi proposta por generais aposentados. O Ministro da Guerra sabedor desta reunião interpelou o General Deodoro e este assumiu toda a responsabilidade. O Ministro Categipe telegrafa a Deodoro ponderando que ele está fazendo o jogo dos republicanos; Deodoro responde que não é verdade e que oMinistério quer oprimir o Exército brasileiro. Morre o General Ozório, em uma missa em sua memória, o General Câmara altamente estremecido com Deodoro, atravessa a nave da igreja e vai abraça-lo dizendo que de homens como ele é que o Exército precisa. Quase todas as unidades do Exército espalhados no Brasil hipotecam solidariedade ao seu lider, General Deodoro da Fonseca.
Deodoro é transferido para o Rio de Janeiro, lá chegando escreve a seu amigo Imperador D. Pedro II, pedindo clemência aos militares punidos; a resposta logo veio com a sua demissão do cargo de Quartel-Mestre-General, incluindo-o na tropa. Mais adesões chegavam, o Império tremia, tudo estava nas mãos do General.
Deodoro e o Senador Pelotas contando com o apoio de Rui Barbosa lancam um manifesto a nação, parecia que o Império caíria foi quando o Senador Saraiva propôs uma Comissão composta dos Senadores Ouro Preto e Silveira Martins para apresentarem uma Lei que com urgência votada dava ganho de causa aos militares punidos. A moção de Silveira Martins teve sómente três votos contrários. O governo Imperial entrava em agônia.
3 – QUESTÃO RELIGIOSA
Em 1854, o Senador Nabuco, conhecendo a decadência desenfreada do clero, obtém
permissão do Imperador e de alguns Bispos, para propor a contensão da crise na Igreja Católica, extensivas aos Conventos onde reinava a indisciplina, a falta de hierarquia o desbaratemento dos bens, as cabalas, o prevaricamento, a mentira, a farra, tudo que Cristo condenou.
O relatório do Senador, deixava o mundo católico perplexo e não tardaria vir a reação da Igreja contra este estado de coisas. Chegando da Europa o Bispo D. Vidal de Oliveira, assumia o Bispado de Olinda e iníciou o expurgo na Igreja Católica; recebendo o apoiodo Bispo do Pará D. Antonio de Macedo Costa. Agora, os dois unidos combatiam os padre e bispos que pertenciam a Maçonaria; abjuravam aquela doutrina ou saiam da Igreja.
O Presidente do Conselho de Ministro, Visconde do Rio Branco era também o Grão-Mestre da Maçonária brasileira então, reuniu o Conselho e condenou dois Bispos. Presos, vieram para uma Fortaleza no Rio de Janeiro, o clero brasileiro se levantou contra o Império, onde existia uma Igreja, os padres e bispos catavam louvores contra atitude do Império, cujos Bispos estavam jogados nas masmorras comandadas pelo Visconde do Rio Branco.
A pressão católica contra o Império era demais, foi quando o Imperador chamou Caxias para formar novo Ministério e consequentemente ser o seu Presidente. O nosso Duque sabia que o Imperador era contrário a anistia, mas Caxias não desistiu jogou todo o seu prestigio pessoal da seguinte maneira, “anistia ou minha demissão”. No dia 17 de setembro de 1875 era assinada a anistia, o Duque de Caxias mais uma vez salvara o Império, o final cada vez se estreitava.
4 – ESCRAVIDÃO
O primeiro passo para a libertação dos escravos foi sem dúvida durante a Guerra do Paraguai, quando D. Pedro II, para reforçar as tropas brasileiras assinou a lei dando liberdade ao escravo e a mulher para que fossem para o fronte paraguaio.
Por iniciativa do Visconde do Rio Branco tendo a assitência do Paranaguense Correia Netto, D. Pedro II assina a lei do Ventre Livre nº2040 de 28 de setembro de 1871. Sómente no dia 8 de maio de 1888 foi apresentada pelo Ministro da Agricultura Rodrigo Augusto da Silva, em nome da Princesa Isabel a Lei que declara livre todos os escravos do Brasil e sancionada no dia 13 de maio.
Não mais exestia a escravidão, entretanto a abolição foi um tanto filantrópica e emocional, não houve uma proteção para o futuro. Se a Lei deu liberdade, esqueceu de integrar o negro na comunidade, nada se fêz para saírem da miséria e ignorância. A agricultura entrou em diclínio, a pecuária caiu, dias depois o Império ruiu.
Esta era a situação do Brasil agravada ainda com a doença do Imperador D. Pedro II e a insastifação do pov o brasileiro em entregar a nação para um prícipe estrangeiro.
Vejamos o que diz Silva Jardim na Gazeta de Notícias, no dia 6 de janeiro de 1889;
“Todos percebemos que esse terceiro reinado será para a nossa terra a triste época em que, ao lado da desordem administrativa, da orgia financeira e da Política corruptora, caracteristicos do governo do imperador morimbundo...”
Ou então, vejamos o que diz “ A Revolta” de Campinas em 23 de julho de 1888, em artigo assinado por Saint Just;
“Os Orleans são gananciosos, avarentos, verdadeiros Harpagões. O Conde D’Eu no Rio de Janeiro explora a pobreza, alugando-lhes quartos imundos, infectos, sem ar nem luz; envenena a classe operária do Rio nos seus cortiços, que lhes rende muito bom cobre...”
Apesar de durante os dois últimos reinados brasilerios terem havido esboços para a introdução da República, tudo se iníciou em 1870 quando um grupo de republicanos se reuniu em Itú na Província de São Paulo e lançaram o tão decantado “Manisfésto de Itú”,
O Manifesto Republicano, que vem a público no dia 3 de dezembro de 1870 pelo jornal “A República” lançado pelo Clube Republicano do Rio de Janeiro diz:
“ Neste país, que se presume constitucional, e onde só deveriam ter ação poderes delegados, responsáveis, acontece por defeito de sistema, quesó há um poder ativo, onímodo, onipotente, perpétuo, superior á lei e á opinião, e esse é justamente o poder sagrado, inviolável e irresponsável o privilégio, em todas as relações com a sociedade tal é, em sintese, a fórmula social e política do nosso País, privilégio de religião, previlégio de raça, privilégio de sabedoria, privilégio de posição, isto é, todas as distinções arbitrárias e aticas que criam no seio da sociedade civil política a monstruosa superioridade de um sobre todos ou de alguns sobre muitos”

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